08
fev
10

PLATÃO – A República – parte I -IX.

Sócrates – Mas um homem justo pode prejudicar a outro?

Polemarco – Sem dúvida. Quem é mau e hostil deve haver-se com o mal.

Sócrates – Mas se tratarmos mal os cavalos, eles se tornam melhores ou piores?

Polemarco – Piores.

Sócrates – Piores, com relação aos atributos dos cães ou dos cavalos?

Polemarco – Dos cavalos.

Sócrates – E se os cães forem maltratados, eles se tornam piores com relação às qualidades dos cães; certamente não daquelas dos cavalos.

Polemarco – Indubitalvelmente.

Sócrates – Não deveríamos  dizer, meu amigo, que os homens, se maltratados, se tornam piores com relação às qualidades  humanas?

Polemarco – Evidente.

 Sócrates – Mas a justiça não é uma virtude humana?

Polemarco – Isto tambem está certo.

Sócrates – Portanto, meu amigo, se os homens forem maltratados, não  podem  não torna-se mais injustos.

Polemarco – Talvez seja assim.

Sócrates – Mas é possivel que os músicos tornem os homens insensíveis à música?

Polemarco – Certamente que não.

Sócrates – E aqueles que são hábeis em equitação podem com a hípica tornar os outros incapazes de cavalgar?

Polemarco – impossivel.

Sócrates – E então podem ser tornados injustos os homens com a justiça? Ou, de modo geral, os homens honestos podem tornar maus os outros com a virtude?

Polemarco – Realmente é impossivel.

Sócrates – Acho que é pelo fato de que o efeito do calor não consiste em esfriar, mas ao contrário.

Polemarco – Sim.

Sócrates – Nem o efeito da seca consiste em umedecer, mas o contrário.

Polemarco – Evidente.

Sócrates – Nem é próprio do homem honesto fazer o mal, mas o contrário.

Polemarco – Parece que sim.

Sócrates –  Mas o homem justo não é também bom?

Polemarco – Sem dúvida alguma.

Sócrates – Fazer mal a alguém, Polemarco, a um amigo ou a qualquer outro, portanto, é próprio não de quem é justo, mas sim de quem é injusto.

Polemarco – Parece que você, Sócrates,  está totalmente certo.

Sócrates –  Se, portanto, se afirma que a justiça consiste em dar a cada um o que lhe toca, e com isso se pretende dizer que o homem justo deve fazer o mal aos inimigos e o bem aos amigos, quem sustenta isso não é um sábio porque não fala de acordo com a verdade. De fato, pareceu-nos evidente que em nenhum caso é justo o mal a quem quer que seja.

Polemarco – Estou pelnamente de acordo.

Sócrates – Juntos portanto, você e eu, vamos nos opor a todos os que sustentarem que uma máxima semelhante tenha sido pronunciada por Simonides, por Bias, por Pítaco ou por qualquer  outro sábio de respeito.

Polemarco – Estou pronto em desempenhar com você minha parte nessa luta.

Sócrates – Você sabe a quem atribuo a autoria da máxima que é justo favorecer os amigos e prejudicar os inimigos?

Polemarco – A quem?

Sócrates – Acho que teria sido Periandro, ou Perdicas, ou Xerxes ou o tebano Ismênio ou ainda algum outro indivíduo rico e inebriado pelo poder.

Polemarco –  Acho que você tem razão mesmo.

Sócrates – Muito bem. Como para nós parece claro que a jsutiça e o que é justo não consistem nisto, entaõ o que são na verdade?


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