15
dez
09

ao meio dia em ponto. avéia cachimbando.

Ao meio dia em ponto!                                                  

         Ao meio dia em ponto o sol sombreia os rastros. A vila dorme em sesta modorrenta. O calor finge cumplicidade. Portas, janelas, alpendres cochilam à silenciosa algazarra das crianças da rua de baixo. Uns bochudos albergando solitárias presenteadas pelo descaso.

         Senhores caminham ladeira a cima. Passos obesos em direção a venda. Privilegiada vista. Entre sete portas estreitas e compridas, apartadas em folhas e entre as folhas fardos de charque, café,  arroz, sacos de açúcar, feijão, milho, barris de legumes em conserva separam a entrada principal, ordenando o espaço. A porta central, majestosa, largura de quatro folhas estende-se ao peitoral, amparando a imagem, debruçada sobre a eira e a beira, da deusa dos bons negócios comerciais. Com o olhar frio e indiferente zela a entrada e saída, hora abençoando, maldizendo em minutos. Não há como escapar. A tudo vê, ouve, sabe, desconversa quando convem, mas firme, altiva sempre está. Impávida. Sol, chuva, raio, calor, mormaço, tempestades? Nada, nem o limo fazendo pintura do tempo a incomoda.

continua…

(c) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor.


0 Respostas to “ao meio dia em ponto. avéia cachimbando.”



  1. Deixe um comentário

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s


dezembro 2009
S T Q Q S S D
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
28293031  

%d blogueiros gostam disto: