Ao meio dia em ponto!
Ao meio dia em ponto o sol sombreia os rastros. A vila dorme em sesta modorrenta. O calor finge cumplicidade. Portas, janelas, alpendres cochilam à silenciosa algazarra das crianças da rua de baixo. Uns bochudos albergando solitárias presenteadas pelo descaso.
Senhores caminham ladeira a cima. Passos obesos em direção a venda. Privilegiada vista. Entre sete portas estreitas e compridas, apartadas em folhas e entre as folhas fardos de charque, café, arroz, sacos de açúcar, feijão, milho, barris de legumes em conserva separam a entrada principal, ordenando o espaço. A porta central, majestosa, largura de quatro folhas estende-se ao peitoral, amparando a imagem, debruçada sobre a eira e a beira, da deusa dos bons negócios comerciais. Com o olhar frio e indiferente zela a entrada e saída, hora abençoando, maldizendo em minutos. Não há como escapar. A tudo vê, ouve, sabe, desconversa quando convem, mas firme, altiva sempre está. Impávida. Sol, chuva, raio, calor, mormaço, tempestades? Nada, nem o limo fazendo pintura do tempo a incomoda.
continua…
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