Arraiá do Abdias
Eu queimei!
Queimei todos os agouros,
estorvos, corvos.
Queimei filmes, fotogramas,
gramas em jardins de anões,
cinderelas embruxadas, feias de doer. verdes de matar.
Queimei cadeiras, cartas, bilhetes, retratos.
chapéus desencarnados.
queimei sonhos, pesadelos.
cabelos de fantasia, madeixas.
queimei pedidos de namoro, adorno juanino,
menino ainda cantei, encantei, desencantei, amei mulheres com donos
sem dono os destinos alugados pra passeios.
quermesse de paróquia falida, cristo morto de fome e de vergonha.
queimei os pedidos ao santo casamenteiro.
enfiei a faca no peito do tempo e corri da brincadeira.
queimei rojões de saudades, estrelinhas de paixões etílicas.
queimei até umas madeiras velhas que só serviam pra esconder lembranças no fundo do quintal.
Hoje e sempre mais que perfeito o verbo se fez contra peso do tempo.
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Não é só a véia que se lembra. Nós também lembramos das tralhas que foram para a fogueira. Causando labaredas quando a véia saltava suas bufas.
bjs
Affonso
e se tiver chapeu de ingles, vai tambem colaborar com as chamas…rsrsrsr!